Jornada do Patrimônio 2021 – Guarda de Congo de São Benedito

No dia 30 de setembro de 2021, a equipe da Secretaria de Cultura e Turismo de Santa Luzia realizou uma visita técnica na Sede da Guarda de Congo de São Benedito, do bairro Baronesa, em âmbito da 8ª Jornada do Patrimônio de Minas Gerais. Inicialmente, a equipe foi recebida pelo Sr. Agnaldo Jesus, conhecido como Pajé, que narrou histórias sobre sua participação na Guarda, as tradições e costumes de suas práticas e a história do grupo. Senhor Agnaldo afirma que a Guarda possui mais de 25 anos, e que inicialmente atuava em Belo Horizonte e tinha Santa Isabel como Santa Padroeira. Já em Santa Luzia, o grupo adotou São Benedito como Santo da Guarda, aderindo também suas cores: marrom e branco.

A relação do Sr. Agnaldo com o Congado remonta a sua infância: sua mãe era cozinheira e seu pai fiscal de Guarda. Herdeiro dessa tradição, para além de atuar na Guarda de Congo de São Benedito, também cozinha na Guarda de Moçambique de Nossa Senhora da Guia. Por isso, afirma que a relação entre os grupos de Congado é de proximidade e união, afirmando que “todos os grupos dançam com fé”. Ele ressalta que o Congado é uma manifestação tipicamente de negros que se reuniam para a prática de fé. No entanto, alerta que atualmente muitas pessoas se esquecem do caráter devocional das práticas do Congado. Ele chama a atenção também para a necessidade de maior aproximação entre os grupos de Congado do município e o poder público, a fim de que as ações possam ser potencializadas.

Dentre os vários participantes da roda de conversa, também esteve presente o Sr. Willer, presidente da Federação das Religiões de Matriz Africana do Estado de Minas Gerais, e morador do bairro Chácaras Santa Inês. Ele ressaltou a importância de haver iniciativas que valorizem e promovam a igualdade racial, ressaltando a relevância do tema escolhido para a Jornada do Patrimônio deste ano e a importância de, futuramente, ampliar os olhares e estender as ações para as religiões de matriz africana, buscando conhecer e mapear os terreiros existentes no município. Ele afirma, ainda, que é importante que políticas públicas sejam pensadas de modo a abarcar os grupos de Congado do município, incentivando sua prática e promovendo meios de garantir sua continuidade. Diego, que também participou da conversa, ressaltou a importância desta iniciativa como um primeiro passo para a valorização das práticas do Congado no município.