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Jornada do Patrimônio 2021 – Guarda de Moçambique de Nossa Senhora da Guia

22 de setembro de 2021

Foto: Alexandre Nery, 2021

 

A Jornada do Patrimônio Cultural de Minas Gerais é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA/MG. Na edição de 2021, a Jornada apresenta o tema “Caminhos do Patrimônio: contemporaneidade e novos horizontes”, em comemoração ao Dia do Patrimônio Cultural, aos 50 anos do IEPHA/MG e aos 25 anos do ICMS Patrimônio Cultural. Com o tema em mente, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Santa Luzia, por intermédio do Laboratório Patrimônio Cultural, escolheu como subtema “Congados de Santa Luzia: conhecendo espaços e pessoas”.

No dia 21 de setembro de 2021, servidores da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Santa Luzia visitaram a Guarda de Moçambique de Nossa Senhora da Guia, localizada no bairro Asteca, distrito de São Benedito. A Guarda foi formada há 52 anos, com apenas seis integrantes de um mesmo núcleo familiar, dentre eles a Senhora Eva Aparecida Alves (atualmente Capitã Regente da Guarda de Moçambique), seu pai João Lucio Alves (Capitão-Mor da Guarda de Moçambique) e sua tia Alaíde Alves de Jesus. Contudo, com o passar do tempo, outras pessoas se interessaram pelas ações da Guarda e passaram a integrar o grupo. As cores adotadas são predominantemente o branco e o azul, em devoção a Nossa Senhora da Guia, santa cultuada desde a colonização do Brasil, pelos negros escravizados que acreditavam que a santa era a estrela guia que direcionava seus caminhos.

Os integrantes do grupo ressaltaram que, inicialmente, o congado era visto enquanto manifestação religiosa, mas que atualmente é entendido como uma manifestação cultural. Para eles, é importante incentivar a difusão de suas ações para que mais pessoas possam conhecer e se encantar por suas celebrações de fé e tradição. Por isso, lutam pela continuidade de suas ações e, mesmo com as dificuldades, buscam meios de conseguir realizar suas festas. De acordo com o Senhor João, a Guarda manteve vários costumes ao longo do tempo, porque o grupo nasceu, cresceu e se enraizou enquanto uma Guarda de Moçambique.

Para que novos membros sejam incorporados à Guarda, é necessário que manifestem interesse. “O congado aqui bateu, a senhora gostou”, é como o Sr. João explica a vontade de pessoas de fora para se juntar à guarda. Ele esclarece que, para ser coroada como rei ou rainha, a pessoa precisa se oferecer, já que é o próprio santo dela quem manifesta o desejo, sendo que o recebimento da coroa depende do envolvimento consciente da pessoa.

Dona Alaíde de Jesus afirma que o congado é tanto fé como cultura, que representa a raiz de um povo e que, portanto, não se deve deixar morrer. “Entrei pro Rosário pela fé. Uns entram pelo amor, pela dor. Eu entrei assim, pelo amor. Às vezes a pessoa pode nem entender o que é o Rosário, mas, quando começa bater a caixa, ela sente aquela força”, disse Dona Alaíde.

O grupo participa de festividades em todo o território brasileiro, e realizam visitas a outros grupos de Congado. Para Dona Eva, é importante “pagar visita para quem visita” e louvar o Rosário de Maria onde quer que ele esteja. O grupo também participou e ajudou a organizar a festa de 50 anos de Brasília, onde se reuniram 45 grupos de congado de diversas cidades mineiras, juntamente com um público de cerca de um milhão de pessoas na Esplanada.

Conforme relato dos membros da Guarda de Moçambique de Nossa Senhora da Guia, é necessário empreender maior envolvimento do poder público e o incentivo às práticas e manifestações culturais dos grupos de congado, tendo em vista que suas ações permitem a divulgação de Santa Luzia. “Fazemos tudo pela fé e devoção e levamos o nome da cidade em todos os lugares em que apresentamos” disse Eva.

Especificamente sobre a pandemia do covid-19, relataram as dificuldades de readequação, principalmente pela perda de pessoas da Guarda e entes queridos. Ressaltaram as dificuldades ocasionadas pelo isolamento social e que impossibilitaram a realização dos festejos públicos, ocasionando o cancelamento de eventos em 2020. No entanto, ressaltaram que continuaram unidos, realizando pequenas reuniões e ensaios (quando possível), mas também se comunicando através de ligações e mensagens. “Ninguém se esqueceu de ninguém”, concluiu Dona Eva.


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