Completar um século de vida é ser um baluarte no tempo, testemunha de uma história mais longa. Hoje, 1º de março, o comerciante Antônio Nonato completa seu centenário. O luziense nasceu em casa, local onde hoje fica o Hospital Municipal Madalena Parrillo Calixto, em 1º de março de 1923, sendo o único filho homem em meio a mais três irmãs. Em meados de 1939 foi morar em Raposos, e, tendo retornado a Santa Luzia casou-se com a Dona Zizi, o amor de sua vida. O Sr. Antônio até hoje se emociona ao falar sobre a falecida esposa, com quem teve 14 filhos, sendo 11 ainda vivos.
Em Santa Luzia, de início se estabeleceu na Rua do Bonfim com Rua Silva Jardim, e mora na sua casa atual desde o final da década de 1950. A sua loja, que está funcionando desde 1946, é muito famosa nas redondezas; numa época em que eram raros os comércios locais, ela foi uma referência, tendo começado como armazém, mas possuindo de tudo um pouco; forneceu produtos mesmo para o Frigorífico Frimisa!
A loja sempre foi um negócio da família, e Seu Antônio conta que não tinha nenhum funcionário externo. Hoje ele ainda trabalha ne mesma. Sua filha Júnia diz que quem sabe onde está tudo na loja é ele. Até os dias atuais continua ativo, com uma memória invejável e exercendo seu papel de cidadão, indo votar nos dois turnos das eleições de 2022.
Além de ser conhecido por seu comércio, o Sr. Antônio também atuou como Juiz de Paz, casando mais de três gerações, e ajudando muitos casais, à beira da separação, a se reconciliarem. Ele sabia valorizar a sua família, sendo que, quando os filhos cresceram, dedicou tempo para viajar com a sua esposa a passeio pelo Brasil e até para outros países!
O Seu Antônio guarda muitas recordações, nas quais tem muito prazer. Durante a entrevista, tirava, nostálgico, as fotos, os recortes de jornais, as cartas dos embrulhos, enquanto conversava conosco.
Lembrou-se e mencionou uma homenagem recebida do Sr. Roberto Elísio, e rememorou, com boas risadas, histórias saudosas com o Sr. Castrinho. Em suma, concluiu dizendo: “fiz tudo ao bem da família”, e agradeceu, por mais de uma vez, os excelentes filhos e a maravilhosa esposa que tivera.
Júnia Carvalho, filha caçula do Sr. Antônio, nos conta um pouco sobre o que seu pai representa para ela:
“Bom, pai é pai. E o meu sempre foi aquele pai que viveu pela família. Que viveu ao lado da minha mãe por 68 anos e se conheceram ainda crianças. Constituíram uma família numerosa, na qual eu sou a caçula de 14 irmãos. E então, depois que minha mãe faleceu, meu pai além de ser pai assumiu um pouco o papel de mãe […]. Na minha vida ele representa tudo de bom que eu tenho: o amparo, o apoio, o amigo, a segurança e um amor sem medida. É a razão de viver, tudo gira em torno dele e para ele, em primeiro lugar. Querer vê-lo bem, alegre, confortável, saudável e feliz é o objetivo de todos nós filhos.”
Frida Gabrich, que é nora do Sr. Antônio também fala um pouco sobre ele:
“[…] na década de 60, Sr. Antônio era Juiz de Paz e realizava muitos casamentos na cidade. Dentre os muitos casamentos realizados por ele, está o dos meus pais. Certamente, não passava pela cabeça daqueles noivos e muito menos daquele Juiz, que a vida os uniria novamente e com um propósito ainda maior. Aquele homem que sempre manteve por perto e gosta de relembrar dos casais que um dia se uniram através do ofício dele, hoje é o avô dos meus filhos. Entre as muitas considerações que poderia fazer, quero comentar principalmente uma: o seu zelo pela família.”
A Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Santa Luzia parabeniza o Sr. Antônio Nonato pelo seu centenário, e o felicita por ser parte da história desta cidade.